domingo, 27 de setembro de 2009

“Incomodados” e “acomodados”: a diferença

Após visita ao blog do professor Rodrigo (ver minha lista de indicação de Blogs), li um comentário de uma acadêmica de biblioteconomia que me motivou a escrever comentário de resposta, e por conseqüência, esta nova postagem, quando coloquei duas palavras parecidas no som, mas diferentes na essência.
Veja que as palavras que estão entre aspas no título acima têm uma sonoridade parecida: “incomodados”, “acomodados”. Mas o significado delas não tem nada em comum. Veremos, segundo o dicionário Aurélio, como desenrola essa aproximação pela diferenciação.
Incomodado [Particípio de incomodar.] Adjetivo. 1.Que sofre incômodo ou sente incomodidade. 2.Molestado, importunado.
Incomodidade: 1.Qualidade ou situação de incômodo; falta de comodidade.
Comodidade: [Do lat. commoditate.] Substantivo feminino. 1.Qualidade do que é cômodo. 2.Bem-estar, conforto.
Acomodado [Part. de acomodar.] Adjetivo. 1.Apropriado, adequado, cômodo. 2.Tranqüilo, quieto, sossegado. 3.Ajustado a uma situação sem estar, ou não estando inteiramente, de acordo com ela; adaptado.

Peço a ajuda de vocês, fantásticos leitores, para analisar esse desenvolvimento.
Nota-se que o adjetivo “incomodado” se refere a alguém que está sendo “importunado” por alguma coisa, um fato, uma situação, ao passo que alguém “acomodado” está “sossegado”, ou “adaptado” em determinado ambiente ou situação, que possibilita a ele não querer sair de lá, afinal, não está sendo “importunado”.
Trazendo para o contexto biblioteconômico, o que se vê são muitos profissionais “acomodados” em seu ambiente de trabalho, ou até fora dele, e que não estão “incomodados”, nem com sua situação, muito menos com a situação da classe e da área. Aos que estão em seus locais de trabalho, muitos em bibliotecas, até podem ser justificados por seus salários, garantidos todo mês, principalmente se forem funcionários públicos.
Já os acomodados que estão fora do mercado de trabalho, se torna ilógico estarem acomodados, afinal, muitos estão desempregados, ou estão trabalhando em áreas diferentes, muitas vezes, com função de nível médio. Estão deixando de exercer sua profissão, de ganhar mais, de realmente contribuir em sua área de formação, e continuam isolados por diversos lugares.
Por outro lado, e que bom que existe o outro lado, tem-se na biblioteconomia verdadeiros profissionais “incomodados” com várias situações, e estes movimentam e desenvolvem a área. Antes eu havia me referido aos funcionários públicos, e aqui volto a lembrá-los. São os funcionários públicos que tem tudo para serem profissionais acomodados, mas, pelo contrário, estão sempre ativos, militando na área, inquietos em seus questionamentos e ideias, e que inquietam mais e mais pessoas.
Na lista de “Incomodados” estão profissionais fantásticos, que não desistem de tentar, de interagir, de recriar, e que muitas vezes fazem isso somente com a recompensa de se sentirem úteis. A estas pessoas, fica o agradecimento, direto ou indireto, até mesmo dos “acomodados”, que se beneficiam de tal proatividade.
A cada ano saem novas turmas das academias, egressos que receberam muitas informações de seus “incomodados”. Egressos que terão que escolher se serão “incomodados” ou “acomodados”.
E você, acadêmico, profissional, em sua atual situação, se sente “incomodado” ou “acomodado”?? Não se sinta envergonhado em dizer. Afinal, um importante passo para encontrar a solução é reconhecendo o problema.

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3 comentários:

  1. Oi Elder,
    Adorei seu texto. Muito bem colocado e, reconheço que por vezes me sinto muito incomodada com várias situações de nossa área. Por outro lado, sinto-me acomodada devido a minha situação pois tenho um ótimo emprego. Tenho uma ótima chefe e uma equipe que, se não perfeita, convivemos numa boa. Mas fica sempre a sensação de que fizemos muito pouco e que poderíamos ousar mais.
    Bjs

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  2. Pois bem, caríssimo Elder, o incomodado! A cada dia que passa, um senso de ir além, ousar mais, experimentar mais, e por fim uma necessidade de se reinventar, permeia meus pensamentos e atitudes. De certa forma, somente os incomodados, com absolutamente tudo a sua volta, conseguem se desenvolver e contribuir significativamente para com a sua área. Sinto-me em processo de mutação, é hora de nos "reinventarmos" e juntamente a essa reinvenção, executarmos uma sistemática mutação em nossas unidades de informação. Repensar a área, a condição profissional, as atitudes corriqueiras, é fundamental. Todos, devemos rejeitar estarmos "deitados eternamente em berços esplêndidos", até porque, o berço não é nada esplendoroso e temos demasiadamente o que fazer em função de nós mesmos. A condição chave nesse momento é nos oportunizarmos a um processo de reinvenção iminente, e aqueles que se fechar a isso, continuarão a compactuar com o descrédito e com a cultura instituída em torno de nossa área. Nos movamos, sejam todos inconformados!!!

    Abraços

    Prof. Rodrigo Pereira

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  3. Olá Roseli e Rodrigo!!

    Agradeço os comentário dos dois.

    À Roseli, penso que o fato de ter essa sensação é um indicativo de que você não está acomodada, pois há a inquietação, mesmo num ambiente satisfatório, importante passo para a atualização, e reformulação de nossas práticas. Quando achamos que está tudo bem, aí mora o perigo.

    Ao Rodrigo, às vezes sinto receio em voltar a ser funcionário público, por dois motivos que se relacionam: o primeiro é que, estando em uma instituição particular, vejo quão dinâmica ela é ao atender minhas solicitações em beneficio à unidade de informação que atuo, o que motiva a sempre criar algo novo.
    No órgão público, por muitas vezes me sentia cansado de tentar, pois além da burocracia na questão financeira, o fator "recursos humanos" me tirava a motivação.
    Por consequência, vem o segundo motivo, que é se acomodar a tal situação, principalmente por ser estável. A questão pessoal é ótima, estar empregado e seguro, entretanto, profissionalmente...
    Posso estar enganado, mas um caminho que vejo como solução seria a pesquisa. Mesmo sendo um funiconário público, no caso das universidades públicas e dos institutos, o novo é um grande fator de motivação.
    Sigo em dúvida...

    Abraços a todos!!

    Elder Lopes Barboza

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