domingo, 14 de março de 2010

Do privado ao público: sentimentos e contradições

Por algumas semanas estive ausente em decorrência de mudanças no estudo e trabalho. O mês de fevereiro nunca foi tão extenso para mim, parecendo que nunca terminaria. Mas passou, com a benção de Deus.

No entanto, esta mudança foi útil para que eu pudesse sentir e perceber as nuanças e contradições no ambiente público e privado, especificamente quando se fala em Instituições de Ensino Superior (IES), nova realidade para mim.

Iniciei neste mês de março o mestrado na UFMS, com aulas semanais, e o stricto sensu começa a se desvelar e a exigir minha imersão na pesquisa desde o primeiro encontro, sem contar que exigiu desde o anteprojeto, por ocasião da seleção.

Ainda que em graus distintos, a graduação e o mestrado revelam outras contradições se relacionadas à IES privada e pública. No meu caso, me graduei em IES particular, com contexto e realidade diferente da IES pública, sobretudo se levado em consideração a característica de universidade. O incentivo à pesquisa, à escrita e à publicação existiam, não por uma cultura ou política da instituição, mas pela insistência e motivação dos professores, atrelada à característica do curso de Biblioteconomia no Estado.

Graças ao pensamento inovador dos professores, também imersos em programas stricto sensu na ocasião em que me graduava, minha turma foi motivada a buscar algo além da simples prática. Foi motivada a adentrar à teoria, rompendo à superficialidade que ainda impera na graduação – e até mesmo na pós-graduação lato sensu.
Seria mentiroso se eu dissesse que saí pesquisador da graduação, mas digo que saí disposto a ser. Saí disposto a continuar estudando, entendendo o que é pesquisa e me inquietando com minha área. Por isso fiz a seleção do mestrado, embora não seja em Ciência da Informação, mas cujo objeto me permite inseri-la no debate e desenvolvê-la em ambiente multidisciplinar. Hoje vejo um novo horizonte ao ser aluno em um programa de pós-graduação stricto sensu, embora a universidade pública possa assustar a quem saiu de uma IES particular.

Também estou em fase de transição nas práticas profissionais e sinto a contradição entre o privado e o público já no começo. Em fase de adaptação, vejo com bons olhos a biblioteca universitária, mas com ressalvas sobre a estrutura burocrática da instituição pública.

Espero que não tenha muita lentidão ou, pelo menos, que seja mínima. Acostumado ao dinamismo da IES particular em que atuava até então, o conflito pode aparecer ao ver, por exemplo, que o processo de aquisição de material bibliográfico demora. Antes, não demorava um mês todo o processo, da escolha, proposta, cotação, compra, processamento técnico e acesso ao usuário. Espero que não seja tão diferente e que eu logre êxito.

Vocês podem perceber que o tempo é de mudança, duas grandes mudanças de uma só vez. Confio que será proveitoso e válido tudo o que está acontecendo, para que daqui a um tempo este Bibliotecário que hoje vos relata as contradições percebidas e sentimentos confusos possa crescer por completo.