sábado, 19 de setembro de 2009

Campanha “troque Jô Soares por Leda Nagle”

Confesso que esta não era para ser a postagem da semana, e eu já estava com um texto pronto para publicar. Porém, algo me chamou a atenção e decidi compartilhar com vocês.
Não sou adepto à televisão, sobretudo, quando se trata da televisão aberta. Alguns poucos programas se salvam, em minha opinião, como o “Altas horas”, por exemplo, mas a maioria apenas explora nossa irracionalidade primitiva, cheio de conteúdo banal, diálogos com duplo sentido, e muita, muita, pornografia disfarçada.
Mesmo assim, na quarta-feira fui motivado a acompanhar o “Programa do Jô”, ocasião em que entrevistava um abnegado cidadão que é responsável por difundir a cultura e o conhecimento pelas comunidades rurais de uma região do país (veja a entrevista). A oportunidade de ouvir em rede nacional, em canal aberto, relatos de sucesso da leitura e da biblioteca servindo à sociedade, sem dúvida alguma é um momento ímpar. Cheguei da biblioteca onde trabalho, e a entrevista havia começado naquele instante. A noite prometia.
Entretanto, a muito se sabe que nem tudo é perfeito. Com isso, ao mesmo tempo em que se tem uma pessoa como o professor Geraldo Prado disposto a relatar as contribuições maravilhosas que vem fazendo em prol da população, também se tem um apresentador disposto a ouvir pouco e a fazer muita piada (sem graça).
A cada relato sobre a biblioteca itinerante, sobre a história da formação do acervo da biblioteca no sertão baiano; da conquista de leitores; das parcerias incríveis com diversos órgãos e elaboração de projetos para captação de recursos, ouviam-se comentários maliciosos do entrevistador, piadas com seu “bode expiatório”, Bira, e tudo mais que se possa tentar ser engraçado, em um assunto da maior importância. O ápice de tal comportamento inoportuno foi quando “o da caneca” preferiu caçoar do animal escolhido para simbolizar a disseminação da leitura e do conhecimento, análogo à realidade nordestina, em detrimento em saber de que modo tal gesto impactou no desenvolvimento daquela localidade.
Para encerrar a brilhante entrevista, o avultoso apresentador recebe com tom de menosprezo a lembrança do humilde entrevistado. O presenteado só muda abruptamente de tom ao saber que a mesma foi comprada em Copenhague, Dinamarca.
Transcrevendo a mensagem de meu amigo Marcos Rubens, também perplexo ao final da entrevista, em que ele diz: “excesso de cultura ou falta dela fez mal a consciência sociocultural dele”, se referindo ao entrevistador. Aproveito e transformo-a em pergunta: excesso de cultura ou falta dela fez mal a consciência sociocultural dele?
É notório o conhecimento que Jô Soares possui, desde cultura geral, passando pela literatura, dramaturgia, música, e idiomas. Uma pessoa muito inteligente, que tem a possibilidade de transformar seu programa em um verdadeiro ponto de cultura, mas que prefere, ou não controla, sua mania de contador de piada sem graça.
Por outro lado, ao acompanhar o programa “Sem censura”, apresentado por Leda Nagle na Rede Brasil, fica evidente o que é um verdadeiro programa de entrevistas, e mais, com conteúdo proveitoso.
Talvez por coincidência ou propósito do destino, cheguei da biblioteca na quinta-feira, e liguei a televisão no programa citado, momento em que passava a Leda entrevistando Pedro Cardoso. Na ocasião, o ator de “A grande família” dava uma verdadeira aula de cidadania, de sabedoria, de ética e moral a todos. Falava desde a pornografia na televisão, até a opressão do Estado sobre a individualidade e liberdade do cidadão. Em nenhum momento Leda interrompeu o entrevistado, nem mesmo no momento em que ele se posicionou a favor da desregulamentação da profissão de jornalista, cuja ideia ela não corroborava. Muito menos fez piadinha sem graça, para “quebrar o gelo”.
Naquela hora pensei: “bem que o entrevistado do ‘Programa do Jô’ de ontem poderia ter ido no ‘Sem censura’, da Leda”. Mesmo que a audiência fosse menor, ainda assim ganharia muito mais notoriedade, e aproveitamento. Mas como mencionei no início, nem tudo é perfeito.
Por isso, a partir de hoje, vou aderir à campanha: “troque Jô Soares por Leda Nagle”!!!! Sem dúvida contribuiria mais para o desenvolvimento da sociedade, em seus inúmeros aspectos.
Fica o convite a todos os que viram a entrevista de quarta-feira, e que se sentiram incomodados com a falta de noção do entrevistador, apresentador, comediante, ou seja lá o que ele acha que é.
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4 comentários:

  1. Oi Elder,
    Nossa serei a primeira a opinar sobre o assunto?!
    Seguinte: há muito tempo que deixer de perder minhas horas de sono para assistir a absurda falta de tato e respeito do sr. Jô Soares com seus convidados. Os convidados só servem para servir de "trampolim" para seus supostos "dons humorísticos" que já deixaram de ser engraçados faz tempo. O homem é um poço de cultura. isso ninguém discute. No entanto falta-lhe humildade para expressar essa cultura toda. Torna-se pedante e desagradável. Em outras palavras: um mala! Junto-me a você nessa campanha pois a Leda Nagle merece seu lugar de destaque pela elegância e simpatia com que recebe seus convidados e os respeita deixando-os falar.
    Abraço,
    Roseli

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  2. Bom dia.
    Não assisti a essa entrevista (aliás, não assisto à tv aberta há muito tempo. A única coisa que me chamou a atenção recentemente foi o programa - ótimo, por sinal - CQC), porém concordo com você sobre o Jô Soares. Há muito tempo ele deixou de ser um formador de opinião. Talvez as boas entrevistas sejam com os "chegados" dele, como Chico Anísio, por exemplo. Aí o "papo" rende. Mas quando se trata de entrevista "encomendada", é visível a má vontade do "gordo".
    Lembro há alguns anos atrás de ter assistido ao melhor programa de entrevistas de todos os tempos: "Provocações", com o Antonio Abujamra (http://www2.tvcultura.com.br/provocacoes/). Simplesmente fantástico.
    Pena que programas como esse, que realmente forma opiniões, seja desprezado pelo nosso povo "você não vale nada, mas eu gosto de você" braZileiro (com Z, mesmo).
    Abraços
    Maurício
    www.myspace.com/5graus

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  3. Elder... vim fazer uma visita e conhecer melhor seu ambiente!

    De fato o Jô as vezes parece o Faustão! :)

    Não vi a entrevista, então deixa-me ir lá no youtube!

    bjos

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  4. OI Elder,

    creio que o Jô não percebeu ainda que se transformou em caricatura dele mesmo, e no mínimo, simples imitação de programas americanos. O tema e o professor Geraldo Prado merecem a nossa admiração e respeito. O professor no dia 28 próximo no X ENANCIB em João Pessoa fará palestra relatando esse trabalho. A propósito prefiro Leda Nagle.
    Gustavo Freire.

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