sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Pensamentos sobre a medalha Rubens Borba de Moraes e o mérito bibliotecário

A edição do ano de 2015 da medalha Rubens Borba de Moraes – Honra ao Mérito Bibliotecário, está em plena divulgação e angariando votos para seus candidatos, nos estados que fazem parte da jurisdição do CRB 1, quais sejam, Distrito Federal, Mato Grosso, Goiás, e Mato Grosso do Sul.

A premiação visa possibilitar o reconhecimento e a divulgação de profissionais bibliotecários que estão desempenhando trabalhos notáveis no campo social e profissional em suas áreas de atuação, “às vezes, obscuros e desconhecidos”, segundo palavras do presidente do CRB 1, através do Regulamento da referida premiação.

O que me suscita pensar, voltando os olhares para Mato Grosso do Sul, são os desafios e preocupações com o caráter social e profissional da nossa Biblioteconomia, cuja abrangência me inclui, afinal, minha formação e atuação foram e são originadas destas bandas.

A medalha sugere comparações para que possamos escolher quem merece o mérito (sim, estou sendo redundante propositadamente), logo, quem merece a medalha no peito. Buscando comparações, é preciso que se faça uma contextualização histórica para não cometermos erros ao analisar, por exemplo, o currículo de cada um, ou, os representantes de cada estado.

Notadamente não aparece o currículo das candidatas de Mato Grosso do Sul no site do CRB 1, justificado pelo Conselho através de e-mail que foi motivado pelo não envio dos mesmos por parte do Comitê do Estado, representado pela Associação do Profissionais Bibliotecários – APB/MS.

Pensamentos meus, e fazendo também uma mea-culpa, vejo nisso tudo o reflexo do contexto histórico que nossa Biblioteconomia, e por conseqüência, nossa classe profissional, vem passando. A falta de envio dos currículos impossibilita conhecermos as ações das candidatas de MS, cujas ações já são, de fato, desconhecidas e obscuras, citando as palavras do nosso Presidente.

Mas tudo bem, eu particularmente conheço as ações de duas candidatas, inclusive foram colegas de faculdade, sendo que a terceira candidata venho acompanhando, em parte, pelas redes sociais. Mas, supondo que o currículo das candidatas estivessem expostos para os votantes: Como comparar os currículos de nossas candidatas com, por exemplo, candidatos do Distrito Federal? Como estar na vitrine ao lado de personalidades como Antonio Miranda, Emir Suaiden e Suzana Muller? Como ladear com profissionais que fizeram parte de nossa formação por meio de suas publicações? Voltemos ao que foi dito: contextualização histórica.

É legitimo pensarmos na nossa Biblioteconomia do MS, adolescente, ainda aprendendo os caminhos da maturidade, ainda sob risco de desfalecer, ainda cometendo erros banais, ainda sendo inconseqüente, irresponsável, e desunida. Sim, nossa Biblioteconomia adolescente é por vezes preguiçosa.

Nossa Biblioteconomia está na vitrine ao lado de Biblioteconomias adultas, que carregam na mala contribuições muito mais amplas no contexto brasileiro, que tem se desenvolvido e expandido, embora também não estejam imunes aos erros e ranços da idade. Estamos ladeados de exemplos do que podemos ser, mas talvez não seremos, talvez nem chegaremos à maioridade.

Em anos anteriores a medalha Rubens Borba de Moraes foi entregue aos profissionais que desbravaram e fizeram nascer a Biblioteconomia sul-mato-grossense. E a partir de agora, os profissionais bibliotecários, frutos desse trabalho, manterão, ou melhor, manteremos (lembrei da mea-culpa) a Biblioteconomia sul-mato-grossense viva? Tenho minhas preocupações e por vezes duvido que esta árvore continue dando bons frutos em quantidade suficiente para ficar em pé.


A honra ao mérito busca manter vivo no bibliotecário o caráter social e humanístico da profissão através da realização de projetos que impactem positivamente a sociedade. Será que seremos (continuaremos sendo) dignos de tal honra? Se sim ou não, a história dirá, e nós escrevemos a história, pro bem ou pro mal.

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