A edição do ano de 2015 da medalha Rubens Borba de Moraes –
Honra ao Mérito Bibliotecário, está em plena divulgação e angariando votos para
seus candidatos, nos estados que fazem parte da jurisdição do CRB 1, quais
sejam, Distrito Federal, Mato Grosso, Goiás, e Mato Grosso do Sul.
A premiação visa possibilitar o reconhecimento e a
divulgação de profissionais bibliotecários que estão desempenhando trabalhos notáveis
no campo social e profissional em suas áreas de atuação, “às vezes, obscuros e
desconhecidos”, segundo palavras do presidente do CRB 1, através do Regulamento
da referida premiação.
O que me suscita pensar, voltando os olhares para Mato
Grosso do Sul, são os desafios e preocupações com o caráter social e
profissional da nossa Biblioteconomia, cuja abrangência me inclui, afinal,
minha formação e atuação foram e são originadas destas bandas.
A medalha sugere comparações para que possamos escolher quem
merece o mérito (sim, estou sendo redundante propositadamente), logo, quem
merece a medalha no peito. Buscando comparações, é preciso que se faça uma
contextualização histórica para não cometermos erros ao analisar, por exemplo,
o currículo de cada um, ou, os representantes de cada estado.
Notadamente não aparece o currículo das candidatas de Mato
Grosso do Sul no site do CRB 1, justificado pelo Conselho através de e-mail que
foi motivado pelo não envio dos mesmos por parte do Comitê do Estado,
representado pela Associação do Profissionais Bibliotecários – APB/MS.
Pensamentos meus, e fazendo também uma mea-culpa, vejo nisso
tudo o reflexo do contexto histórico que nossa Biblioteconomia, e por
conseqüência, nossa classe profissional, vem passando. A falta de envio dos
currículos impossibilita conhecermos as ações das candidatas de MS, cujas ações
já são, de fato, desconhecidas e obscuras, citando as palavras do nosso
Presidente.
Mas tudo bem, eu particularmente conheço as ações de duas
candidatas, inclusive foram colegas de faculdade, sendo que a terceira
candidata venho acompanhando, em parte, pelas redes sociais. Mas, supondo que o
currículo das candidatas estivessem expostos para os votantes: Como comparar os
currículos de nossas candidatas com, por exemplo, candidatos do Distrito
Federal? Como estar na vitrine ao lado de personalidades como Antonio Miranda,
Emir Suaiden e Suzana Muller? Como ladear com profissionais que fizeram parte
de nossa formação por meio de suas publicações? Voltemos ao que foi dito:
contextualização histórica.
É legitimo pensarmos na nossa Biblioteconomia do MS,
adolescente, ainda aprendendo os caminhos da maturidade, ainda sob risco de
desfalecer, ainda cometendo erros banais, ainda sendo inconseqüente, irresponsável,
e desunida. Sim, nossa Biblioteconomia adolescente é por vezes preguiçosa.
Nossa Biblioteconomia está na vitrine ao lado de
Biblioteconomias adultas, que carregam na mala contribuições muito mais amplas
no contexto brasileiro, que tem se desenvolvido e expandido, embora também não
estejam imunes aos erros e ranços da idade. Estamos ladeados de exemplos do que
podemos ser, mas talvez não seremos, talvez nem chegaremos à maioridade.
Em anos anteriores a medalha Rubens Borba de Moraes foi
entregue aos profissionais que desbravaram e fizeram nascer a Biblioteconomia
sul-mato-grossense. E a partir de agora, os profissionais bibliotecários,
frutos desse trabalho, manterão, ou melhor, manteremos (lembrei da mea-culpa) a
Biblioteconomia sul-mato-grossense viva? Tenho minhas preocupações e por vezes
duvido que esta árvore continue dando bons frutos em quantidade suficiente para
ficar em pé.
A honra ao mérito busca manter vivo no bibliotecário o
caráter social e humanístico da profissão através da realização de projetos que
impactem positivamente a sociedade. Será que seremos (continuaremos sendo)
dignos de tal honra? Se sim ou não, a história dirá, e nós escrevemos a
história, pro bem ou pro mal.
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